quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CIDADANIA, INCLUSÃO E CULTURA: UMA ABORDAGEM POPULAR (Primeira Parte)


Há alguns anos, sempre ouvi as pessoas falarem: “Você não tem cultura”? “Essa gente é sem cultura”? Mais recentemente, a moda é ser cidadão, pois é comum ouvi por aí: “Eu sou cidadão”; “Isto é cidadania”; “Isto é uma atitude cidadã”?


Outra temática discutida é a falada inclusão, esta por sua vez, traz em seu arcabouço, inúmeras ramificações, pois se fala em inclusão disso, daquilo, em suma, qualquer ação passa a ser sinônimo de inclusão, cidadania e algo atrelado a cultura dos bons modos.

Logo percebe-se, quem ajuda aos pobres, fala bonito e não tem ficha na justiça, pode-se considerar no Brasil, um cidadão nato, rico em cultura e promotor de inclusões, digo, piedoso dos pobres.

Como falar em cidadania, inclusão e cultura, se em muitas das vezes não somos nada disso no dia-a-dia? Cansei de ler sobre cidadania, clássicos da cultura e inúmeras políticas de incentivo à inclusão dos menos favorecidos Brasil afora.

Já não bastam as teorizações (não sou contra) dos diversos artigos bem elaborados e metodológicos, bem como livros e revistas que mostram fotos com mega pixel de alta resolução de projetos, eventos, ONGs e atividades afins que parecem funcionar para promover políticos de carteirinha?

Abrir ONG, associação, instituto, fundação e projetos afins que visam estatutariamente promover cidadania, inclusão e cultura, virou moda.

Muita gente mal intencionada quer provar desse bolo confeitado com status e muito dinheiro financiado pelos adeptos da chamada responsabilidade social.

Sempre tive crises com relação aos temas abordados, uma vez que aprendi desde cedo que sou um cidadão ou talvez não; aprendi que nossa cultura é riquíssima; e que o Brasil, apesar da sua riqueza, possui um número elevadíssimo de pessoas às margens da sociedade, por isso, teríamos que incluir essas pessoas.

Tais crises me levaram a questionar acerca dessas questões tão discutidas no cenário acadêmico e televisivo atualmente. Fui “possuído por um espírito” chamado interrogação, afinal, o que seria de mim se não fossem as interrogações da vida? O perguntar por quê? Como assim? Isso aqui? Por quês e mais por quês me conduziram ao “êxtase interrogativo”. Adoro perguntar.

Conforme abordei anteriormente, não adianta teorizar brilhantemente essa temática, se na prática estou distante de viver e usufruir desses direitos.

Tudo deve partir de nós mesmos (as), pois já soava o velho adágio popular: “justiça pra ser boa começa em casa”. Pois é, como poderei falar de ser cidadão, ter cultura e promover inclusão social, digital, educacional, sei lá o quê, sem ao menos, praticar nada do que escrevo ou acredito?

Temos no Brasil milhares de instituições que visam estatutariamente a temática proposta, mas o importante é saber se na prática funcionam.

Conheço cidades, que legalmente, existem dezenas de associações ou coisas parecidas, mas que na prática, pouquíssimas produz resultados.

Ressalto aqui, o trabalho que inúmeras instituições sérias têm feito no Brasil na promoção da cidadania, inclusão e cultura, principalmente no Norte-Nordeste. Ressalto também, lideranças que têm feito a diferença dentro de seus contextos de vida. Minhas felicitações.

Infelizmente, muita gente confunde paternalismo, clientelismo e meros assistencialismos, com inclusão ou atitude cidadã.

No que refere-se à cultura, muita gente pensa que cultura só existe no Sul e Sudeste do País e, mais, muita gente pensa que nordestino não tem cultura.

É comum ouvir muita gente dizer que é cidadã ou cidadão. Mas o que significa ser cidadão (â) no Brasil? Ouço também muita gente dizer que o povo pobre não tem cultura, ou seja, é um povo mal-educado.

Mas o que significa ter cultura no Brasil? É comum ler ou assistir reportagens que apresentam trabalhos voluntários considerados inclusivos. Mas o que é praticar inclusão?

Em primeiro lugar, crer-se que não existe cidadania sem gente; em segundo lugar, crer-se que não existe cidadania sem o desejo de mudança; em terceiro lugar, crer-se que não existe cidadania sem democracia; em quarto lugar, crer-se que não existe cidadania sem mobilização; em quinto lugar, crer-se que não existe cidadania sem o cumprimento das leis e em sexto lugar, crer-se que não existe cidadania sem conscientização.

Da mesma forma, crer-se que não existe inclusão sem a prática da cidadania, pois inclusão se faz com cidadania, longe de malabarismos piedosos e charlatanice política. Compreende-se que o desejo de inclusão deve brotar no agente que aspira por tal mudança; não é coisa alheia ao individuo, uma vez que ninguém poderá tornar outrem um cidadão (ã).

No que refere-se à cultura; crer-se que tudo na vida é cultural. Torna-se tarefa difícil descrever o que é, e o que não é cultura, uma vez que cada povo cria ou recria cotidianamente sua própria cultura.

Crer-se que o fenômeno cultural perpassa os limites étnicos, socioeconômicos e religiosos.

Crer-se que cultura é tudo aquilo que o povo inventa e reinventa dentro de seus contextos de vida.


Adriano Trajano

Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL


Fonte: http://www.pastoradrianotrajano.blogspot.com/

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