segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Reino Emergente

        A igreja emergente se considera uma “conversação”, não um movimento. Como tal, é uma coalizão frouxa de líderes cristãos amalgamados por uma filosofia pós-moderna de ministério, que rejeita muito da teologia que os evangélicos têm considerado importante.
 Faz poucas tentativas de avaliar posições doutrinarias, que são geralmente vistas como fora de moda em um mundo pluralista.

        Mas, se há uma questão em torno da qual os líderes emergentes estão unidos, é a idéia que eles fazem do Reino de Deus. É obvio que os cristãos sempre estiveram profundamente interessados no Reino de Deus. A compreensão específica dos emergentes sobre ele é, porém, que se deve preparar a Igreja para deixar de lado seus diferenciais bíblicos, passando aceitar princípios que serão fundamentais a um sistema governado, em última instancia, por um líder global ímpio.

        A teologia emergente apóia três entendimentos distintos sobre o reino que levam o movimento em direção à aceitação de um sistema de governo mundial único. Estes envolvem (1) o tempo do reino, (2) a mensagem e (3) os cidadãos.

O Reino Agora

        A conversação emergente cerrou fileiras em torno da crença de que o Reino de Deus está [presente] na terra agora, embora ainda vá tornar-se progressivamente mais semelhante à sua glória celestial, à medida que seus membros entendam e pratiquem sua verdadeira missão. E qual seria, exatamente, essa missão?  Fazer do mundo um lugar melhor ao desafiar agressivamente a injustiça; lutar contra a pobreza; socorrer os enfermos; trabalhar em questões relativas ao meio ambiente; e, em suma, salvar este planeta e tudo o que nele há.

        No livro An Emergent Manifesto of Hope [Um manifesto Emergente de Esperança], Sherry e Geoff Maddock escreveram: “Nosso desejo principal é ver o Reino de Deus vir sobre a terra como ele é no céu. Cremos que isso acontece quando o povo de Deus está renovado em torno da missão de amor e justiça de Deus no mundo”.[1] Os Maddock afirmam mais especificamente: “Através de práticas tais como cuidar dos que sofrem com a AIDS, alimentar os abandonados, protestar contra a destruição desenfreada do meio ambiente, ou receber refugiados recém-chegados de seus países, encontramos a salvação que está mais perto do shalom (paz) das Escrituras”.[2]

        Um reino no tempo presente envolvido em uma agenda puramente social em vez do Evangelho de Cristo é música aos ouvidos dos incrédulos. Nada nele distingui fundamentalmente a missão da igreja emergente de um governo secular.

A Mensagem do Reino

        Os líderes emergentes não têm em vista Jesus vindo para julgar os ímpios; tampouco aceitam a destruição e a renovação da terra, como Jesus (Mt 24-25) e os apóstolos Pedro (2 Pe 3) e João (Ap 19-21) as descreveram. Afinal, muitos deles acreditam que o inferno foi inventado pelos fariseus,[3] que a redenção do pecado não é necessidade real da humanidade, e que a justificação (da forma que é entendida historicamente) não é ensinada por Paulo em suas epístolas.[4]

        Portanto, a missão dos seguidores de Cristo é reduzida a dar entendimento a enfermidades e necessidades sociais, para que a humanidade possa viver em paz e harmonia. Como afirmou Brian McLaren, o mais prolífico escritor emergente: “Espero que tanto eles (seus vizinhos) quanto eu nos tornemos pessoas melhores, transformadas pelo Espírito de Deus, sendo mais agradáveis a Deus, mais uma bênção para o mundo de forma que o Reino de Deus (o qual eu busco, mas não posso manipular) venha à terra assim como ele é nos céus”.[5]

        Na teologia emergente, a salvação foi removida do âmbito espiritual para o físico. Portanto, sua mensagem não se preocupa com a redenção da humanidade, mas, em vez disso, com a restauração da terra. Afinal, nos dirão os emergentes, nosso problema verdadeiro não é nossa alienação de Deus por causa do pecado, mas a destruição do planeta devido a abusos e injustiças. Essa mudança no enfoque veio à tona através de uma modificação fundamental na teologia, na qual os líderes emergentes não aceitam o pecado original, rejeita a expiação substitutiva, negam a existência do inferno, refutam a infalibilidade das Escrituras e flertam de perto com o universalismo.

        Aqueles que foram educados segundo a fina arte do pensamento relativista e que não são bem versados  nas Escrituras acham a mensagem emergente agradável. [Eles supõem que] em nome de Cristo, podem marchar enfileirados com os incrédulos à medida que tentam tratar das injustiças sociais do planeta. O que não estão percebendo é que Satanás estará mais do que disposto a dar corda para as agendas sociais se ignorarmos o verdadeiro problema da humanidade: nossa separação de Deus.

Os Cidadãos do Reino

        A teologia emergente menospreza o Evangelho definido como as Boas-Novas da oferta do perdão e da justiça de Deus por causa da obra realizada por Cristo. Por quê? Porque, de acordo com muitos líderes emergentes, a maioria das pessoas já está no Reino. McLaren colocou as cartas na mesa quando escreveu: “Talvez o plano de Deus seja que a pessoa possa ter a opção de sair do reino, e não a de entrar no reino. Se você quiser ficar fora da festa, você pode. (…) Mas para mim é difícil imaginar que exista alguém que seja mais teimosamente intratável do que Deus é gracioso”.[6]

        Um líder emergente, representante de muitos outros, chega ao ponto de fazer distinção entre os seguidores de Cristo e o Cristianismo: “O movimento da igreja emergente veio a crer que o contexto final das aspirações espirituais de um seguidor de Jesus não seja o cristianismo, mas o Reino de Deus”.[7]

        Se a maior parte da humanidade já está no Reino, independentemente de seu relacionamento com Cristo, então quem são os cidadãos do Reino de Deus? Aparentemente qualquer pessoa que não escolher ser eliminada dele. Esse pensamento, conhecido como inclusivismo, afirma que mesmo os hindus, os muçulmanos e os animistas, embora não sendo seguidores de Cristo, estariam no Reino de Deus simplesmente porque não “optaram por sair” dele.

     O evangelho da conversação emergente expressa pouco interesse na verdadeira condição espiritual da humanidade (sua alienação de Deus por causa do pecado) e transformou-se em pouco mais que a melhoria social da cultura e o melhoramento físico do planeta. Essa é uma mensagem bem-vinda a todos os que estão querendo uma melhor qualidade de vida sem terem que se prostrar diante do Único Santo.

        Se as pessoas puderem ter certeza de que já são aceitas por Deus e que ser bondoso e gentil com os outros não apenas assegurará um lugar no céu, como também fará deste planeta praticamente uma utopia, todo mundo é vencedor. Certo? Errado.

        Esse é o tipo de mensagem que Satanás adoraria que fosse abraçada pelas pessoas que estão vivendo no tempo do fim, pois ela elimina as barreiras entre aquilo que o povo de Deus crê e as esperanças e sonhos da maioria dos incrédulos. Aqueles que fazem uso do nome de Cristo e sucumbem a tal filosofia verificarão que serão amados e aceitos pelo sistema do mundo. Aqueles que se apegam à verdade das Escrituras e se recusam a diluir o Evangelho puro constatarão que serão progressivamente marginalizados. Mas, tenha bom ânimo: Foi o próprio Jesus quem disse: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.10). (Israel My Glory)

Gary Gilley

Publicado na Revista
Chamada da meia noite
Agosto de 2010 / Ano 41 / Nº 08

Notas:

1. Sherry Maddock e Geoff Maddock, “An Ever-Renewed Adventure of Faith” [Uma Aventura de Fé Sempre Renovada], An Emergent Manifesto of Hope [Um Manifesto Emergente de Esperança], ed. Doug Pagitt e Tony Jones (Grand Rapids, Ml: Baker Books, 2007), 80.
2. Ibid., 82.
3. Brian D. McLaren, The Last Word and the Word After That [A Última Palavra Depois Dela] (San Francisco: Jossey-Bass, 2005).
4. N.T. Wright, What Saint Peul Really Said [O Que São Paulo Realmente Disse] (Grand Rapids, Ml: Eerdmans, 1997).
5. Brian McLaren, A generous Orthodoxy [Uma Ortodoxia Generosa] (Grand Rapids, Ml: Zondervan, 2004), 263.
6. Brian McLaren, The Last Word and the Word After That [A Última Palavra e a Palavra Depois Dela], 138.
7. Samir Selmanovic, “The Sweet Problem of Inclusiveness” [O Doce Problema do Inclusivismo], An Emergent Manifesto of Hope [Um Manifesto Emergente de Esperança], 192.

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