terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

PASTOR (A) DE PÚLPITO E PASTOR (A) DA RUA: DIFERENÇAS E PONDERAÇÕES


Já escrevi nesse único espaço que me resta sobre pastor (a) de igreja e da comunidade, dessa vez resolvi cacografar acerca do pastor de púlpito e pastor da rua. Essa idéia de pastor (a) de púlpito e da rua sempre deu nó em minhas tripas cefálicas, pois acredito que haja uma grande diferença entre ambas as funções.
            Bom, comumentemente e midiaticamente falando, o pastor ou pastora de púlpito sempre foi bem visto e aplaudido pela massa criadora e sempre sedenta de “deuses” ou mitos enclausurados nos guetos eclesiásticos existentes nos quatro cantos desse Brasil crente.  Não resta dúvida que o (a) pastor (a) de púlpito atrai bem mais holofotes e Reai$ chances de crescimento da igreja ou conforme proclamam: “Estou fazendo a obra do Senhor cre$cer”.
            O (A) pastor (a) de púlpito é um verdadeiro profissional do Evangelho. Fala bem, escreve bem (nem sempre), se veste bem, sorri elegantemente, abraça os mais abastados, aperta a mão dos mais importantes, costuma sempre andar no ar condicionado e fazer o que ele (a) mais gosta: visitar os mais abastados e receber bons presentes e outras coisas mai$.
            Essa figura pastoral adora púlpito, altar, pedestal, degraus ou qualquer outro estado que lhe proporcione elevação material ou espiritual diante dos seus súditos religiosos. Essa figura humana possui uma paixão indescritível por templos, estruturas físicas, telões, outdoors, audiência, fama, poder político e religioso à luz da fé alheia e muitas orações com reai$ chances de ascensão midiática. O (a) pastor (a) de púlpito adora manter seu status quo, adora a propagação do seu nome, da sua igreja (em parte), sempre procurando manter-se bonito na foto.
            O (A) pastor (a) de púlpito representa muito bem a estrutura religiosa imperante a fim de ascender seu nome e o da sua denominação religiosa, bem como estabelecer-se financeiramente em nome do seu deus de prosperidade e bênçãos. Geralmente essa figura pastoral transita de casa para o púlpito e do púlpito para casa. Seu papel religioso é simplesmente pregar, falar, anunciar a Palavra (Bíblia?), exortar, ensinar, orar, expulsar (sei lá o que), chorar e visitar (apenas os mais abastado$). Trocando em miúdo, é um (a) verdadeiro (a) pregador (a) de púlpito, sempre alheio a realidade da sua comunidade, pois isso não constitui-se parte da sua tarefa pastoral que resume-se em pregar apenas.
            Em meio aos pastores de púlpitos, diga-se de passagem, maioria esmagadora e, acima de tudo, adorada pela massa religiosa ignorante e construtora de “deuses”, encontra-se a ala dos (as) pastores (as) da rua. Essa figura pastoral da rua, não gosta muito de púlpito não, pelo contrário, adora caminhar, ou seja, de viver e conviver com o povo, longe dos guetos que o cercam. O (A) pastor (a) da rua prefere a espiritualidade do caminho, dos mais pobres, da solidariedade, da com-paixão, do amor altruísta. Opta pela essência da mensagem do Evangelho. O (A) pastor (a) da rua ama o que faz, pondo em primeiro lugar a saúde psicofísica e espiritual do seu povo, conscientizando-o e mobilizando-o para a construção de um mundo menos injusto em nome da fé.
            O (A) pastor (a) da rua preocupa-se com o bem estar do seu rebanho, pois o cuidado com as vidas está em primeiro lugar no seu labor pastoral. As vidas representam seu centro maior. Essa figura pastoral da rua enxerga a igreja como um espaço de cuidado de vidas no qual acredita-se na fraternidade, igualdade, justiça, solidariedade, hospitalidade, compaixão, amor, inclusão, respeito, tolerância, partilha, amizade e fé madura entre todos e todas. O (A) pastor (a) da rua senta e conversa com os desamparados, busca a compreensão dos fatos, pensa em soluções inteligentes para cada situação, em suma, caminha com os pés na realidade.
O (A) pastor da rua desce dos pedestais impostos pelo sistema religioso imperante. Essa figura religiosa desce dos arraiai$ podadores da liberdade religiosa e da espiritualidade do abraço e olho no olho. Não está preocupado com os resultados numérico$ do seu rebanho, pelo contrário, divide as moedas que tem com os mais necessitados e cuida fielmente dos corações aflitos, inclusive, oferecendo-lhes um ombro amigo e abraço inclusivo.
            Estou falando do (a) pastor (a) que busca conhecer suas ovelhas, sentir suas necessidades, conviver com elas, caminhar com elas, chorar e alegrar-se com elas e, mais, repartir o que tem com quem não tem nada. Essa figura pastoral representa os anseios do povo, enfrenta os poderosos e ergue a bandeira da justiça e da vida. O (A) pastor (a) da rua é mais humano que religioso. É mais cristão que denominacional. Está a serviço do povo sempre, cuja teologia é a do cuidado.
            Infelizmente, nossa massa religiosa opiada ainda prefere abraçar as figuras dos púlpitos e das gravatas coloridas. Ainda prefere as figuras religiosas regidas pelos holofotes televisivos. Se você preferir, encaixe sua figura religiosa: na rua ou no púlpito. Que tal? Até quando teremos que assistir a tudo isso?
Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL

Um comentário:

  1. bem, em parte vc até tem razão, mas da mesma forma que o pastor de púlpito pode vir a ser arrogante e preocupado com os abastados, o pastor de rua pode vir a se achar lula, o cara do povo, que conhece o povo, que chora com o povo, estas coisas. o pastor deve ser as 2 coisas. pregar bem e conhecer seu povo. ficar o tempo todo no púlpito não é pretexto para não visitar o rebanho, e ficar na rua visitanto não é pretexto para a pregação fraca, repetitiva, que surge todo domingo no púlpito. ainda que alguns pastores tenham mais inclinação a extremo ou a outro, o equilibrio deve ser buscado e além do mais o Espírito dota com dons pastores e mestres. se vc é pastor respeite os mestres, se eles não fossem necessários o Espírito não os levantaria. nem todo mestre é interesseiro, muitos são bons cristãos. se sua crítica é outro tipo de pessoa como edir, rr soares, malafia, valdomiro, especifique para que seus leitores não criem aversão a homens santos, instruídos na Palavra com vocação para o ensino. fique em paz.

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