sábado, 4 de setembro de 2010

EM NOME DE JESUS, VOTE EM MIM!

Nunca fui muito simpático com políticos religiosos que, em nome da fé, procuram preitear cargo público. Refiro-me, principalmente aos nobres candidatos evangélicos que prometem governar em nome de Jesus.
Não posso esquecer os outros religiosos,
como católicos, espíritas, umbandistas e tantos outros que, em sua maioria, usam o artifício da fé para ganharem voto e, em muitos casos, obrigando o seu rebanho a votar fielmente.
Tenho acompanhado quase todos os dias o guia eleitoral do nosso Estado. É comum assistir e ouvir candidatos e candidatas que professam ser isso, aquilo e escolhido por Deus para representar a população na esfera pública.
Alguns são mais ousados, ao ponto de recitarem versículos bíblicos e usarem figuras religiosas para discursarem em seu favor. Lendo Paul Freston[1], comecei a entender que a política evangélica brasileira apresenta três modelos básicos: política evangélica institucional, política evangélica autogerada ou auto-impulsionada e política evangélica comunitária.
Rapidamente, gostaria de apresentar esses três modelos. A política evangélica institucional refere-se às igrejas que entram na política defendendo seus interesses e manutenção do status religioso, neste caso, dos seus representantes e doutrinas, modelo muito bem representado no pós-pentecostalismo.A
política evangélica autogerada ou auto-impulsionada, refere-se aos indivíduos evangélicos que constroem certa projeção política, sem muito compromisso com igreja, atuando de maneira autônoma, mas que na hora de votar, acaba recorrendo aos irmãos em Cristo para o ajudarem na eleição.
A política evangélica comunitária, estar longe da institucionalização religiosa, corporativismo e exclusivismo religioso, pelo contrário, à luz da fé, serve a população. Trata-se de um modelo voltado para o diálogo e missão profética no mundo de injustiças[2].
Lamentavelmente, muitos políticos evangélicos ou religiosos servem apenas para orar, benzer e jogar água benta nas repartições públicas, pois acreditam ser vítimas das potestades do ar e legião de demônios[3]. Quem sai perdendo com isso é a população que, crente, jura ter elegido candidatos ungidos por Deus.
Em nosso Estado temos algumas representações evangélicas que em período escolhido por Deus, visitam nossas igrejas com a Bíblia na mão, orando e pregando bonito, pedem uma atitude de fé: Vote em mim, em nome de Jesus! Pois, “é da vontade Dele eu entrar nessa empreitada divina”.
Desse modo, já vai o povo sendo enganado em nome de Deus e, infelizmente, durante quatro anos, teremos que nos conformar apenas com oração (e quando oram) e um pouco de citações bíblicas nas tribunas que eram para serem discutidos projetos concretos para o povo. Mesmo assim, em nome de Jesus, vote em mim! 

Adriano Trajano 
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL

Fonte: http://www.pastoradrianotrajano.blogspot.com/   


[1] Freston, Paul. Religião e política, sim Igreja e Estado, não: os evangélicos e a participação política. Viçosa/MG: Ultimato, 2006.
[2] BOFF, Leonardo. Novas fronteiras da igreja: o futuro de um povo a caminho. Campinas/SP: Verus, 2004.
[3] ALENCAR, Gedeon Freire. Protestantismo tupiniquim: hipóteses da (não) contribuição evangélica à cultura brasileira. São Paulo: Arte Editorial, 2005.

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