sábado, 3 de julho de 2010

PRATO CHEIO PARA OS POLÍTICOS DE CARTEIRINHAS

Como cidadão livre e jovem estudante, eu não poderia deixar de desabafar minhas mágoas rio adentro acerca dos políticos alagoanos. Não deixarei escapar minhas inculcações perturbadoras cotidianas.

Obviamente, estamos de luto há duas semanas, nossos sentimentos às vítimas das fortes chuvas que assolaram nosso povo
 pobre, às margens dos centros e ruas privilegiadas das confusas aglomerações citadinas.

Estou triste! Minha tristeza vai além da destruição, do caos generalizado e das lágrimas de pessoas que perderam tudo, mas tudo mesmo. Minha tristeza vai além da lama, do lixo, dos escombros e milhares de desabrigados e desalojados.

Minha tristeza vai além das preocupações do poder público que, acredito reconstruir estas cidades atingidas em cheio pelas correntezas pernambucanas. Agora pense! Nós é quem pagamos o pato, já pensou nisso?

Minha tristeza vai além dos vôos e sobrevôos dos helicópteros politizados e militarizados regados por um bom e perfeito aparato midiático, sempre pensando em ter mais audiência. Quem assiste mais, heim?

Minha tristeza vai além dos telespectadores curiosos que se arrumam todo e vão filmar e fotografar de camarote as tragédias alagoanas e derramar lágrimas embutidas.

Minha tristeza vai além dos miseráveis e desalmados comerciantes que se aproveitam da celeuma existente a fim de lucrarem e engordarem seus cofres cheios de lama com dinheiros suados ou molhados.

Minha tristeza vai além dos descasos do poder público, pois se repararmos direitinho, com olhos da razão, logo perceberemos que os mais atingidos como sempre, foram sempre eles, os pobres, os da periferia, os dos locais de risco, os chamados flagelados, termo que detesto.

Pelo menos, em parte, essa tragédia serviu para, em parte, igualar os considerados riquinhos das ruas do comércio aos chamados, por eles, de suburbanos e ignorantes. Um discurso interessante me chamou a atenção de um dos moradores dessas localidades atingidas: “... é pra o senhor vê, de primeiro tinha gente aqui que se achava melhor do que os outro, só pisava no chão, porque era o jeito mermo, agora não, tão aí oh! Igual com nóis aqui, na mesma lama...”.

Minha tristeza vai além do pensamento de muitos desabrigados e desalojados que continuam a achar que Deus tem parte nessa história trágica. Por favor, deixem Deus quieto! Eu não acredito que foi Deus que mandou essa água para acabar com tudo, por causa do pecado que está aumentando. Meu Deus!

Minha tristeza vai além do discurso de vários moradores que perderam tudo dizendo: “... isso é pro povo vê que Deus existe, o pecado tá de mais na terra, isso vem pra tomar como exemplo os castigo de Deus...”. Prefiro não comentar.

Agora sim! Minha tristeza chegou ao limite! De acordo com a temática proposta, minha tristeza vai além dos políticos de carteirinhas e aproveitadores baratos da miséria alheia.

Minha tristeza vai além dos baralhos camuflados e de boa pinta que, numa ocasião dessas, não perdem a oportunidade de destilarem seu veneno de dó e piedade cristã. O momento é para tirar fotos ao lado de outras autoridades importantes e televisivas, ser filmado, dar entrevistas, e chorar forçadamente diante das lentes transmissoras do Nordeste carente de tudo, mas de tudo mesmo, até de políticos decentes.

Minha tristeza vai além do despreparo nacional, da equipe de socorro à infra-estrutura rápida e precisa. Minha tristeza vai além dos palanques e cenários eleitorais construídos à custa do desespero e calamidade generalizada nestas cidades mal construídas há décadas.

Minha tristeza vai além dos pensamentos dos políticos de carteirinhas, aproveitadores ““inocentes”” e desbravadores dos rincões alagoanos mais distantes. Minha tristeza vai além do abraço pretensioso e aperto de mão futurístico desses representantes do povo alagoano. Viva nossos representantes!

Minha tristeza vai além da falsidade exacerbada da maioria desses populistas e politicamente IN-corretos. Minha tristeza vai além da camuflagem desses carteirinhas de carreira, pois cumprem direitinho a tarefa bíblica de casa: “chorai com os que choram, alegrai-vos com os que se alegram”. Neste caso, eles choram mesmo, bem teatralizados. Pobres criaturas!

Minha tristeza vai além da desigualdade existente e, principalmente, do despreparo do poder público. Acredito que se não estivéssemos em pleno ano eleitoral, as coisas se tornariam bem pior do que já estão. Há males que vêm para o bem, como reza o adágio popular.

Minha tristeza vai além do descaso e incompetência administrativa, pois não é a primeira vez que enchentes acontecem nessas cidades, claro, com menos proporção. Interessante, nada foi feito para ao menos amenizar essa tragédia. Não foi pensado nada a despeito do histórico de enchentes nessas localidades.

Infelizmente, se cumpre aquele velho ditado: “só aprende apanhando”. Está aí a tragédia. Lamento muito a displicência das nossas autoridades sempre eleitas e adoradas pelo povo ribeirinho.

Minha tristeza vai além dos incompetentes e sabedores da tragédia. Dizem por aí que há uma enorme barragem a ponto de estourar na Zona da Mata alagoana. Estão esperando o quê? Bando de incompetentes e políticos de carteirinhas. Demagogos natos!

Não quero acreditar nisso, mas acho que fotos e filmagens dessas tragédias serão exibidas em horários eleitorais. Será? Você acha impossível tal feito? Não julgueis para não serdes julgados. Alagoas não tem isso não sinhô!

Minha tristeza vai além dos eleitoreiros piedosos. Oh! Homens e mulheres de bem! Gente que se preocupa com o nosso povo. Será mesmo?

Eu não quero julgar, pois Papai do Céu briga. Mas, cá pra nós; o dinheiro depositado nas contas dos gestores alagoanos, vai ser aplicado na íntegra? Você crer irmão (ã)? Amém!

Termino meu desabafo vitaminado com muita tristeza, revolta e lágrimas no rosto, pois sei que esses municípios levarão anos e mais anos para serem reconstruídos e construídos. Vamos esperar pelos nossos pratos cheios ou vazios. Depende.

Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL

Fonte: http://www.pastoradrianotrajano.blogspot.com/

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