sábado, 3 de julho de 2010

EU SOU O CULPADO!

As chuvas não dão trégua. Penso neste momento nas inúmeras famílias desabrigadas e desalojadas em vários municípios alagoanos e pernambucanos. Os rios transbordam, as chuvas castigam, os políticos choram e a lama cobre as ruas e vielas.

É preciso pensar e repensar a geografia desses municípios castigados pelas águas das irresponsabilidades históricas. Não culpo a natureza! Não culpo a Deus! Não culpo
 aos céus! Não culpo ao tempo! Não culpo a vida! Muito pelo contrário, culpo a mim mesmo por essas tragédias.

Culpo-me, pelo fato de pouco importar-me com o meu próximo. Culpo-me pela minha fé sem obras. Culpo-me pelo analfabetismo político. Culpo-me pela ignorância histórico-cultural. Culpo-me pela pobreza extrema. Culpo-me pela falta de humanidade. Culpo-me pelo desrespeito constante às leis da natureza.

Eu sou o culpado por tudo isso! Sou o culpado pela minha falta de educação. Sou o culpado pela minha falta de consciência ecológica. Sou o culpado pela minha falta de razão. Sou o culpado pela minha miopia social e eleitoral. Sou o culpado pela lama que soterra-me. Sou o culpado pelas águas que encobre-me. Sou o culpado pelos políticos que “socorrem-me”.

Sou o culpado pela lama política e águas torrenciais oriundas de outros estados. Sou o culpado pelos rios rasos e profundos que afogam-me sempre, que destroem-me sempre, que sujam-me sempre.

Sou o culpado pelos politicuzinhos que sufocam-me em épocas férteis. Sou o culpado pelas águas imprensadas pelas construções irregulares e sem alternativas. Sou o culpado pelo lixo que escorrem em meus quintais mentais.

Sou o culpado pela minha escatologia absurda e sem nexos humanos. Sou o culpado pela minha pouca leitura e preguiça escolar. Sou o culpado pela minha mesmice e acomodação física. Sou o culpado sempre pelo meu câncer político e derrame estomacal.

Sou o culpado pelo esgoto fedentino que vai ao encontro do meu nariz grande e sujo. Perdoa-me Deus! Perdoa-me vida! Perdoa-me tempo! Perdoa-me semelhantes! Perdoa-me morte certa e ligeira! Perdoa-me urna certa e sem volta!

Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL

Fonte: http://www.pastoradrianotrajano.blogspot.com/

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