domingo, 15 de agosto de 2010

CUSCUZ E MANTEIGA DA TERRA COM JESUS

Mais uma manhã de café com o Nazareno. Desta vez, o café foi com cuscuz e manteiga da terra. Hoje, acordei bem cedo, pois alguém batia em minha porta brandamente, aquela voz suave e meiga soprava em meus ouvidos sujos e, às vezes, fechados para vozes.


Para minha surpresa, o Nazareno aparece novamente e pede-me para entrar e sentar comigo à mesa e logo de cara, pede-me um cafezinho com aquele cuscuz macio, coberto de manteiga da terra.

O Nazareno conversa humildemente, diferente do que pintam as igrejas mundo afora. Ele bate um papo cabeça, entende? Sempre compreensível, amigo, companheiro sempre presente, mesmo quando não dispomos de café e cuscuz, logo cedinho, principalmente em final de mês. O Nazareno parecia não acreditar quando comecei a descrever a realidade da sua igreja hoje, principalmente no Brasil.

O Nazareno ficou meio pensativo, colocou sua mão em meu ombro dizendo: “É meu irmão Trajano, o negócio tá diferente mesmo, viu!” Pois é, disse eu. Nazareno, o negócio tá sério, nem cuscuz com manteiga da terra, dar jeito. Mas, já que estamos tomando café juntos, vamos fofocar um pouco acerca das eclesiologias atuais. Imediatamente o Nazareno perguntou acerca desse negócio aí de apóstolo, sei lá... . “É camarada”, disse o Nazareno. “A coisa tá feia mesmo, pois criam as coisas e eu sou o último, a saber, já pensou?

O cuscuz com manteiga da terra lembrou dinheiro. O Nazareno pergunta-me: “Trajano, e esse negócio dos envelopes e mais envelopes?” Disse eu: Nazareno..., Nazareno..., esses envelopes já enriqueceram muita gente. Esses envelopes são a causa de não sermos consumidos. Sorrindo, o Nazareno olha para mim dizendo: “Trajano, parece que no Brasil tem mais Césares do que deuses.” Disse eu: rapaz, acho que sim viu!

A conversa tava boa de mais. Ele comenta acerca dos detentores da verdade. “Quer dizer que temos muitos Pilatos por aqui?” Cocei a cabeça e fiquei meio que acanhado. O Nazareno se admirou com tanta pompa, no mesmo instante, lembrou-se da burrinha amarrada na entrada de Jerusalém. Relembrando os bons tempos da igreja, da igreja-povo, da igreja-caminho.

O Nazareno relembra os velhos tempos em que a igreja visitava aos doentes, caminhava com o povão, desafiava os poderosos, partilhava o pão, vivia a comunhão e orava com o coração sincero. O Nazareno se emociona visivelmente. Com lágrimas nos olhos fala dos infernos e condenações eclesiásticas em nome do seu Pai.

Disse eu na minha pobre ignorância: os rejeitados, humilhados e excluídos, são julgados e condenados pela igreja sem ao menos terem o direito a defesa. O Nazareno coça a cabeça dizendo: “Ainda continuam fazendo isso com os samaritanos, gadarenos, publicanos e pecadores? Mas..., eu ensinei isso?” Perguntou ansioso. Disse eu, rapaz, se foi ensinado eu não sei, mas a igreja diz que não sabe, só diz que sempre foi assim, é a tradição. “Oxente! Ainda lavam as mãos e guardam o sábado?” Perguntou o Nazareno. Disse eu: meu irmão, as coisas estão modernas por aqui.

O Nazareno perguntou: “quer dizer que ainda crucificam gente?” Ahh! Crucifica não, mata as escondidas meu amigo. Ele não acreditou. Depois de comermos o cuscuz quase todo, o Nazareno se despede dizendo: “Trajano, meu irmão camarada, até onde vai esse negócio de igreja aí? Disse eu: Nazareno, se o senhor não sabe, eu vou saber?

Êita! Acabou o cuscuz! O papo fica pro próximo café.
 
Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL

Fonte: http://www.pastoradrianotrajano.blogspot.com/

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