segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Faça a Diferença

Eu tinha 14 anos, e já notava o quanto as pessoas consideravam aquela senhora repulsiva. Seu nome era Conceição, sempre com roupas rasgadas, uma muleta metálica toda esfolada, e sempre sentava no último banco.
Sabíamos que nunca a igreja ficaria fechada, poderia ser qualquer data, a irmã Conceição não faltaria.
 Mulher pobre, idosa não haver quem cuidassem dela. Seus filhos eram todos já sessentões e haviam seguido caminhos tortuosos, enfim, não era o que se esperava de uma família cristã.

Isso fora resultado de uma vida sem Deus em outros tempos... vinda de Portugal, ela não tinha o temor do Senhor, viúva precoce, lutou para sustentar os seus filhos. E agora já pelos 90 anos, a gratidão dos filhos não existia.

Conceição conhecera a Cristo durante um culto ao ar livre, onde não podendo mais evitar a emoção e o desejo, entregou-se a Cristo, tornando-se naquela tarde mais uma remida pelo Cordeiro de Deus. Foi batizada e tornou-se membro de nossa Igreja (Batista de Sumarezinho - SP).

Conceição nunca foi convidada a se envolver em qualquer atividade da igreja,as pessoas não gostavam muito dela, principalmente de pedir que orasse, as suas orações eram longas, comovidas, sua voz trêmula, suas palavras difíceis de se entender.

Geralmente ela entrava e saía muda, apesar de alguns a cumprimentarem quando não tinham outra opção. Pela manhã era a primeira a chegar, e ao término das atividades, ia embora, descendo a ladeira, mancando com sua velha bengala.

Quantos problemas nossa igreja passara! Problemas com membros, entre igreja e pastor, de saúde, de assalto, problema de toda espécie.

Mas, no meio das aflições e da expectativa de estarmos no final da estrada, uma bênção inesperada acontecia, um novo caminho e uma brilhante solução despontava ante os olhos de toda a congregação. E, ao darmos graças, lá estava Conceição, quietinha e com lágrimas nos olhos.

Deixei a igreja p/congregar em outra, foi quando recebi a notícia: Conceição adoeceu e quer vê-lo. Meu Deus, ela adoecera mais ainda? E agora? Fui visitá-la, ela sofria tanto mas estava tão feliz e alegre! Ela orava, e orava, e orava!!! Eu saí de lá confortado!

Certa noite o pastor disse que ela pediu para que deixassem-na partir para a Glória Celestial, pois Jesus a chamava. E Jesus a levou.

Passados os primeiros dias, a igreja tomou conhecimento de um tesouro inigualável, maravilhoso e impressionante. Entre os seus míseros pertences, haviam cadernos e mais cadernos, surrados, velhos, rotos, costurados, amarelados, com letras tão mal-escritas, escritos por dentro e por fora.

Eram os CADERNOS DE ORAÇÃO.

Descobrimos que Conceição era muito mais do que qualquer um de nós poderia imaginar. Encontrei o meu nome naquele caderno, quando entrei na igreja, quando adoeci mortalmente, anotações de agradecimento, e pelo futuro ministério que um dia teria. Encontramos os nossos nomes todos ali e aos poucos começamos a entender porque Sumarezinho nunca sucumbira ante os ferrenhos ataques terroristas do Diabo:

Conceição não dormia, ela orava!

Vi o nome de quem nunca a cumprimentou, pessoas que a chamavam de "velha fedida", gente granfina que nunca imaginou ser alvo das orações de alguém. Ali estava um tesouro em "vasos de barro", em papel velho e amarelo, que representava muito mais do que todos nós um dia já havíamos oferecido a alguém ou a Deus.

O meu nome estava lá, cada situação, cada dificuldade, cada desafio. Conceição orava por mim. E porque?

O que eu havia feito para merecer as suas orações?

O que os pastores que nunca a recomendavam para cargo algum, faziam para figurar em suas constantes súplicas? Cada presidente da República, cada artista de TV, cada pregador, cada criancinha, estávamos todos lá, sendo apresentados a Deus pela Conceição.

Minhas palavras foram: "Meu Deus, quem ocupará o lugar dela? Ninguém!" Aliás, ninguém de que se tenha notícia, pois pode bem acontecer de outra Conceição ter se colocado "na brecha" e esteja orando.

Como sinto vergonha,ante a grandeza da Conceição e a minha pequenez! Nada havia em seus cadernos por si própria, mas pedia tudo para os outros! Que resignação, que vida em prol do próximo, que abnegação desmedida!

Conceição é uma das heroínas da fé que passearão com Cristo com vestes resplandecentes e coroa na cabeça. Em lugar da muleta terá palmas para saudar o Rei por quem viveu o tempo todo em quem foi crente. Seu nome está não em um caderninho, mas no Livro da Vida do Cordeiro!

E eu me pergunto: quem, foi tão esquecido quanto ela? Nós não éramos dignos de uma mulher de sua qualidade e coração! Ela foi "um dom de Deus" para nós, foi a nossa intercessora.

O que eu tenho sido nas mãos de Deus? O que nós temos sido diante d’aquele que um dia teve aos seus serviços uma serva como Conceição?

Quisera eu q mais Conceições surgissem hoje. Talvez pela falta delas é que nossas igrejas estão tão pobres espiritualmente, ainda q muitas tenham tesouros q a traça corrói e os ladrões roubam! As riquezas q Conceição buscava, as igrejas de hoje têm esquecido!

"Senhor, obrigado porque um dia houve uma Conceição que orou por mim". Obrigado porque as orações dela foram atendidas. Ajuda-me, Senhor, a seguir o exemplo da tua serva, há tantos anos dormindo em Cristo, para que novos heróis e heroínas na fé se apresentem para ocupar a brecha que ficou vazia. Em nome de Jesus. Amém."

Você já conseguiu ver a "Conceição" da sua igreja? E a sua "Conceição" quem é? Será que temos desejo de ser "Conceição"?

Confesso que fiquei impactado por essa linda história.

A paz do Senhor p/ todos

Pr. Wagner Antonio de Araújo

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