segunda-feira, 26 de abril de 2010

CONVERSANDO SOBRE IDEOLOGIA


O tema proposto conduz-nos ao real, isto é, ao terreno firme que pisamos em nosso cotidiano. Confesso-lhes que o tema poderia ser o inverso, a não ideologia. A Drª Marilena Chauí ajuda-nos a perceber a contra-ideologia, o contra-discurso ideológico, repito, a não ideologia.


Quer queira que não, esta ideologia se ver obrigada a encarnar as idéias em sujeitos sociais que seriam seus portadores, ou melhor, somos instrumentos do sujeito chamado ideológico. Embora, nos dias atuais, as ideologias tenham encontrado um outro corpo, as organizações.

A ideologia, ou seja, o império neutro das idéias, além de pressupor, escamoteia a divisão social, isto é, do trabalho, da política, da sociedade, das instituições e do saber.

Quando referimo-nos ao tema proposto; estamos querendo dizer que a ideologia funda uma separação entre as idéias dominantes e os indivíduos dominados, de sorte a impedir a percepção de uma dominação das pessoas sobre outras. Leia Manuel Castells pra você ver isso.

É graças ao mundo das idéias à luz da experiência reforçada por elas, que propomos refletir sobremaneira as reformulações do que já fora explicado pelo império ideológico dominante em plena sociedade “pós-moderna”. Acredito que a ideologia vem através da tentativa de convencer as pessoas por meio de um falseamento da realidade, de mensagens e representações que nos são transmitidas por meio da técnica do convencimento.

Então, é muito mais fácil dominar as pessoas pelo convencimento; através desse corpo de idéias estabelecidas de cima para baixo, a fim de dominar todos os nossos atos.

Vale ressaltar que o discurso ideológico é um discurso feito de espaços em branco, como uma frase na qual houvesse lacunas. É graças aos brancos, graças às lacunas entre as suas partes, que esse discurso se apresenta como coerente. É fundamental admitirmos que, se tentarmos o preenchimento do branco ou da lacuna, não vamos transformar a ideologia “ruim” numa ideologia “boa”. Leia Manuel Castells pra você ver isso.

Seria ilusório imaginarmos que o mero preenchimento da lacuna traz a verdade. Não trata-se de um outro discurso, pelo contrário, é um antidiscurso da ideologia, o seu negativo, a sua contrariação. Perceba que nossa conversa sobre ideologia está para contradizer a ideologia imperante. O Dr. Silvio Gallo da UNICAMP, apresenta a ideologia que temos hoje como: Desejo, Vontade e Necessidade.

A IDEOLOGIA COMO DESEJO
Onde houver pessoas reunidas, ou mesmo sozinhas, haverá uma forma de ideologia em ação. Se revoltar contra o sistema ideológico não é tarefa fácil, pois estamos todos (as) imersos (as) em todo esse processo de dominação e submissão.

É claro que todas as pessoas desejam ter sucesso na vida, mas é claro e evidente que, numa sociedade de dominação e desigualdades, o sucesso não é possível para todos (as). Isto está explicito no sistema ideológico midiático em que transmite a imagem de uma sociedade de oportunidades, de que o sucesso milionário é possível.

Quando a pessoa assiste ou ler a um comercial de uma TV de plasma ou de um computador top de linha. Logo, ela quer adquirir uma, o desejo é inerente ao ser humano. Inconscientemente a pessoa associa a imagem do sucesso, e renova suas forças na busca de obtê-lo. Em contrapartida, vemos milhões de pessoas vivendo a baixo da linha de pobreza. É justamente o discurso ideológico que consegue conseqüentemente, tocar e mexer nas vontades das pessoas.

A IDEOLOGIA COMO VONTADE

O discurso ideológico é aquele que consegue tocar nas vontades e ambições mais íntimas de cada pessoa, dando-lhe a ilusão de sua realização. Obviamente, a vontade segue-se o desejo humano.

A pessoa passa a ter vontade de ter acesso a outro mundo, a uma terra de liberdade. A pessoa passa a ter vontade de estar lá, de ser alguém na vida. Lembre-se, a ideologia como vontade exprime também a necessidade.

A IDEOLOGIA COMO NECESSIDADE
Além de lidar com as necessidades e as vontades e de influenciar os desejos das pessoas; a ideologia dominante produz outras necessidades e administra sua satisfação, de modo que cada um (a) tenha uma ilusão de felicidade.

A pessoa passa a ter uma ilusão de prazer, acomodando-se à situação vivida de sempre querer mais e mais. O consumismo nada mais é do que a afirmação dessa realidade de realizar os desejos dos outros como se fossem nossos. Por que sempre estamos necessitando de algo? Enquanto consumimos, nossas vontades vão sendo criadas por causa dos desejos, de forma que é praticamente impossível escapar dessa “roda viva”.

Indubitavelmente, a chamada ideologia está presente em todas as esferas da sociedade. É necessário em meio à alienação e distorção da história, o discurso não-ideológico, isto é, contra-ideológico. Leia Antonio Joaquim Severino e confira.

O sistema ideológico vigente presente nas escolas, igrejas, famílias, meios de comunicação, hospitais, prisões, indústrias, partidos políticos e etc.;. Impedem de todas as formas a flexibilidade entre o pensar e o agir das pessoas, determinando a repetição contínua de fórmulas prontas e acabadas.

P.S.: Peço aos irmãos e irmãs que leiam:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à filosofia. 3.Ed. São Paulo: Moderna, 2003. pp. 60-70.CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede: a era da informação: economia, sociedade e culturas. 8. Ed. São Paulo: Paz e Terra, Vol. 1, 2005. CHAUI, Marilena. Convite a Filosofia. 13.Ed. São Paulo: Ática. pp. 387-390; 403-408.______. O que é Ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1980.

GALLO, Sílvio. (Coord). Ética e Cidadania: caminhos da filosofia. Campinas-SP: Papirus, 1997. (Grupos de Estudos sobre ensino de Filosofia).MANNHEIM, Karl. Ideologia e Utopia. Trad. Sérgio Magalhães Santeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 19976.KONDER, Leandro. História das idéias socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003.SEVERINO, Antonio Joaquim. Educação, Ideologia e Contra-ideologia. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de educação e ensino).THOMPSOM, John B. Ideologia e Cultura Moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995.


Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL


Fonte: http://www.pastoradrianotrajano.blogspot.com/

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